sexta-feira, 8 de abril de 2011

Ideologia e democracia, Ideologia X democracia ou Ideologia = democracia???


Penso que a ideologia, e isso na questão de governantes, deve ir ao encontro da democracia, ou seja uma forma ideal de governar... democracia essa que tem o dever de atuar com a sociedade e ouvir a população. Porém ,aí vem o questionamento em como ouvir a população se a mesma não se organiza, não participa, não acredita mais em nada, como foi comentado por muitos no chat. Acho que aí nesse ponto falho, entra a gestão e os profissionais, englobando todas as esferas de assistência.
Logo, partindo do pressuposto que para fazer uma assistência adequada a qualquer pessoa e em qualquer área (saúde, educação, direito e etc), necessitamos de uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, com isso, já se ouvem vários atores de áreas distintas e também, fazendo com que esse sujeito que está sendo assistido participe ativamente de todo o processo da assitência. Assim, isso é uma forma de democracia!

E a gestão? como ser democrática, tendo por base que é dever dela planejar, organizar, coordenar e até mesmo chefiar... A partir dessa indagação, penso que para uma gestão ser democrática necessita prioritariamente trabalhar intersetorialmente e logo após, exercer uma gestão compartilhada. Compartilhamento feito com o usuário do sistema, com o colega de outra equipe e com os diversos atores que podem fazer parte desse compartilhamento.

Ainda, vejo que ficamos atrelados à democracia na forma que há um governo democrático, mas esquecemos que não é necessária a troca de modelo de governo ou ainda a troca dos partidos que entram e saem das esferas nacionais, estaduais e municipais, mas sim ver que democracia é participação social e não apenas no PODER do VOTO, mas participar ativamente da sociedade e da construção dela mesma.

Acredito que para existir uma mudança na sociedade voltando a credibilidade no poder público, políticas públicas e nos outros setores é necessária uma mudança de valores sociais, saindo do individualismo e da competição imposta a todo instante e voltando aos valores de comunidade, coletivos organizados e sujeitos críticos, reflexivos e "fazedores do momento".

Há braços coletivos!


domingo, 10 de outubro de 2010

Dia mundial da Saúde Mental


Um dia de luta, na luta de sempre.


E Quintana falando por nós:


Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

Parabéns a todos profissionais, familiares, pacientes e simpatizantes que lutam diariamente e incansavelmente pela saúde mental, pela reforma psiquiátrica e pela desconstrução de preconceitos da doença mental.

sábado, 9 de outubro de 2010

A Mídia comercial....

Por Leonardo Boff, 23 de setembro de 2010

Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso” pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais”, onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.

Esta história de vida me avaliza fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de ideias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.

Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando veem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos de O Estado de São Paulo, de A Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja, na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem desse povo. Mais que informar e fornecer material para a discusão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.

Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido a mais alta autoridade do país, ao Presidente Lula. Nele veem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.

Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma), “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e não contemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes, nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo -Jeca Tatu-; negou seus direitos; arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação; conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continua achando que lhe pertence (p.16)”.

Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascedente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo.

Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidente de todos os brasileiros.

Isso para eles é simplesmente intolerável.

Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados, de onde vem Lula, e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coronéis e para “fazedores de cabeça” do povo.

Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa mídia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palavra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.

O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo.

Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média.

Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.

Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda.

Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituídas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor.

Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas.

Mas, importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.

O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança.

Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, ao fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA, que faz questão de não ver; protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra, mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão:

Que Brasil queremos?

Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e, no fundo, retrógrado e velhista; ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes?

Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das más vontades deste setor endurecido da mídia comercial e empresarial.

A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construído com suor e sangue (grifo meu) por tantas gerações de brasileiros. (Frei Betto)

Cancelei minha assinatura da Veja!


Nesses tempos em que o ódio eleitoral e a rivalidade política "andam a solta", me vem o questionamento da neutralidade em relação a tudo...não só a política, mas em relação a vida.

Mídias comerciais, empresas, pessoas tomando posições enquanto muitas pessoas que fazem a diferença cotidianamente nesse País ficam caladas, abstendo-se da participação, da construção coletiva e voltando à minha postagem anterior sobre abster-se até mesmo da democracia.

Temos sim é que voltar a repensar em que País queremos sim....um País que ainda tem muito o que melhorar, que tem muito a quem ajudar, mas que mudou para melhor nesses últimos 8 anos de governo LULA....e por incrível que seja os mesmos 8 anos que FHC ficou no poder e como ECONOMISTA, não conseguiu manter o país com saldos positivos.

Ainda, trabalhando com a educação popular, sentando em conjunto com GENTE que trabalha, que dá duro, que luta, que tem garra, que FAZ acontecer rotineiramente, aprendi e reaprendi a sonhar, mas sonhar embasado na luta, na construção coletiva e em conjunto. "GENTE ESSA" que faz a história, que escreve com seu suor e deixa marcas nesse País a todos que virão e serão!

"GENTE ESSA" que me dá forças para dizer que NÃO SOU NEUTRA, que LUTO, que TENHO OPINIÃO e que construo também uma sociedade melhor, mais digna de se viver.

VIVER É UM ATO POLÍTICO!

Há braços esperançosos com a democracia e com a luta de todos cidadãos por uma nação!

Marina,... você se pintou?

Poética reflexão,CARTA ABERTA A MARINA SILVA

Marina,... você se pintou?

Maurício Abdalla [1]

“Marina, morena Marina, você se pintou” – diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o “grito da Terra e o grito dos pobres”, como diz Leonardo.

Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?

Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as “famiglias” que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.

Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas “os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz”. Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.

Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. “Azul tucano”. Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.

Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a “vitória da Marina”. Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.

“Marina, você faça tudo, mas faça o favor”: não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você “tanto faz”. Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem “esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele”.

Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. “Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu”.

[1] Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (Mercuryo Jovem), dentre outros.