domingo, 15 de agosto de 2010

(Trans) formação????

É necessário a desconstrução de conceitos, paradigmas e a abertura ao novo. Não ao novo como expressão do movimento fatalista que cristaliza a individualidade como dínamo do fazer humano. É preciso ser mais. È preciso transformar o mundo. Mas transformar em que mesmo?

O respeito aos diversos saberes abrindo-se a novas verdades que ainda não estão cientificamente comprovadas pela ciência - mas que fazem parte da expressão cultural de diversos povos que excluídos dos meios academicistas, são continuamente desapropriados do seu saber pela marginalização e aculturação - é relexão/prática necessária. O saber popular de forma alguma deve ser desprezado. Ao lado do conhecimento cientifico deve caminhar pela superação do binômio popular- científico. Não se trata de sobreposição e, sim, de preencher lacunas em favor da solidariedade, em favor da igualdade entre os povos.

A autonomia é preceito ético em nossa (incon)formação acadêmica. Se aceitamos o condicionamento mecanizado, apático, acrítico, silencioso e des-humanizador da ideologia dominante, aceitamos e operamos nossa própria degradação enquanto sujeito. Eu quero ter minha opinião, pensar. Isto é prerrogativa básica pra todo processo de posicionamento crítico e ruptura da inércia do nosso sentir, pensar e agir.

A indiferença não cabe na relação progressista. Escutar o outro e reconhecê-lo como sujeito é compromisso edificador na nossa permanente posição de inacabamento. Este, extremamente necessário a conscientização como sujeito coletivo e não a alienação como parte de um coletivo de sujeitos.

Contudo, nem sempre estamos dispostos a mudar. A lógica neoliberalista nos aprisiona em nossa perversa individualidade e pior, nos faz acreditar que as coisas são estáticas, imutáveis. Para além dos dogmas religiosos, me refiro a imbricação cultural da passividade, do fatalismo. Contra essa argumentação é preciso, assim como freire, ser radical. “O radical na sua opção, não nega o direito ao outro de optar. Não pretende impor a sua opção. Dialoga com ela. Está convencido de seu a certo, mas respeita no outro o direito de também julgar-se certo. Tenta convencer e converter, e não esmagar seu oponente. Tem o dever, contudo, por uma questão, mesma de amor, de reagir a violência dos que lhe pretendam impor o silêncio. Dos que em nome da liberdade, matam em si e nele, a própria liberdade (FREIRE, 2006, p.59)

Finalmente a Utopia. Em grego a palavra significa “em lugar nenhum”, para Thomas More representa uma ilha onde a sabedoria e a felicidade do povo decorrem de um sistema social, legal e político perfeito, guiado pela razão (MORE,2005). È necessário confrontar essas visões idealistas, expressando a visão Freiriana que a propõe como uma unidade dialética entre a denuncia e o anuncio. É sonhar com os pés no chão engajado na luta pela transformação. Mas que transformação mesmo? Aqui devemos optar entre a superficialidade (que não transforma (deforma) e profundidade, ou seja, a posição radical, já exposta, no mundo).

A educação popular Freiriana fere os mais desavisados que vomitam praticas assistencialista e por isso mesmo alienantes (num processo que a principio é externo ao individuo, mas que em pouco tempo consome sua vitalidade revolucionária). A educação popular deve superar a questão estética, ela dever ser, necessariamente, anti-capitalista. O enfrentamento em diversos setores é necessário. A luta de classes é inevitável. Para tanto, nossa construção como seres históricos, igualitários, politizados e protagonistas é fundamental.

"Ou os estudantes se identificam com o destino do seu povo, com ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo, e nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo" (Florestan Fernandes)

Há braços revolucionários,

Um comentário:

  1. Parabéns pelo blog, tens idéias que merecem ser compartilhadas com o mundo. Esta postagem em especial mostras um ponto de vista forte e realista, adoro tuas palavras por isso estou agora te seguindo. Apesar disso, discordo em parte do Florestan Fernandes pois nao acho que quem se dissocia ou apenas nao engaja-se na luta pelo povo necessariamente alia-se aos exploradores deste.
    Um beijo e continue escerevendo e lutando pelo povo, este com certeza é um de teus diferenciais e que a torna tão especial, um dos motivos para eu ser um namorado tão orgulhoso.
    Beijos, te amo.

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