domingo, 10 de outubro de 2010

Dia mundial da Saúde Mental


Um dia de luta, na luta de sempre.


E Quintana falando por nós:


Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

Parabéns a todos profissionais, familiares, pacientes e simpatizantes que lutam diariamente e incansavelmente pela saúde mental, pela reforma psiquiátrica e pela desconstrução de preconceitos da doença mental.

sábado, 9 de outubro de 2010

A Mídia comercial....

Por Leonardo Boff, 23 de setembro de 2010

Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso” pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais”, onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.

Esta história de vida me avaliza fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de ideias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.

Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando veem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos de O Estado de São Paulo, de A Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja, na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem desse povo. Mais que informar e fornecer material para a discusão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.

Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido a mais alta autoridade do país, ao Presidente Lula. Nele veem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.

Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma), “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e não contemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes, nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo -Jeca Tatu-; negou seus direitos; arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação; conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continua achando que lhe pertence (p.16)”.

Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascedente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo.

Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidente de todos os brasileiros.

Isso para eles é simplesmente intolerável.

Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados, de onde vem Lula, e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coronéis e para “fazedores de cabeça” do povo.

Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa mídia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palavra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.

O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo.

Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média.

Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.

Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda.

Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituídas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor.

Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas.

Mas, importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.

O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança.

Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, ao fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA, que faz questão de não ver; protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra, mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão:

Que Brasil queremos?

Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e, no fundo, retrógrado e velhista; ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes?

Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das más vontades deste setor endurecido da mídia comercial e empresarial.

A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construído com suor e sangue (grifo meu) por tantas gerações de brasileiros. (Frei Betto)

Cancelei minha assinatura da Veja!


Nesses tempos em que o ódio eleitoral e a rivalidade política "andam a solta", me vem o questionamento da neutralidade em relação a tudo...não só a política, mas em relação a vida.

Mídias comerciais, empresas, pessoas tomando posições enquanto muitas pessoas que fazem a diferença cotidianamente nesse País ficam caladas, abstendo-se da participação, da construção coletiva e voltando à minha postagem anterior sobre abster-se até mesmo da democracia.

Temos sim é que voltar a repensar em que País queremos sim....um País que ainda tem muito o que melhorar, que tem muito a quem ajudar, mas que mudou para melhor nesses últimos 8 anos de governo LULA....e por incrível que seja os mesmos 8 anos que FHC ficou no poder e como ECONOMISTA, não conseguiu manter o país com saldos positivos.

Ainda, trabalhando com a educação popular, sentando em conjunto com GENTE que trabalha, que dá duro, que luta, que tem garra, que FAZ acontecer rotineiramente, aprendi e reaprendi a sonhar, mas sonhar embasado na luta, na construção coletiva e em conjunto. "GENTE ESSA" que faz a história, que escreve com seu suor e deixa marcas nesse País a todos que virão e serão!

"GENTE ESSA" que me dá forças para dizer que NÃO SOU NEUTRA, que LUTO, que TENHO OPINIÃO e que construo também uma sociedade melhor, mais digna de se viver.

VIVER É UM ATO POLÍTICO!

Há braços esperançosos com a democracia e com a luta de todos cidadãos por uma nação!

Marina,... você se pintou?

Poética reflexão,CARTA ABERTA A MARINA SILVA

Marina,... você se pintou?

Maurício Abdalla [1]

“Marina, morena Marina, você se pintou” – diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o “grito da Terra e o grito dos pobres”, como diz Leonardo.

Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?

Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as “famiglias” que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.

Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas “os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz”. Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.

Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. “Azul tucano”. Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.

Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a “vitória da Marina”. Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.

“Marina, você faça tudo, mas faça o favor”: não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você “tanto faz”. Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem “esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele”.

Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. “Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu”.

[1] Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (Mercuryo Jovem), dentre outros.


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Violentamente Pacífico - RAS Mc Léo Carlos



É isso aí minha gente...
a comunidade se organizando com criatividade, responsabilidade e criticidade!!!

Viva a sociedade no exercício da cidadania!!!

Carta aberta à democracia....

Reflexão sobre o voto de protesto...

Muitas pessoas continuam me falando e tentando me justificar do voto de protesto, sendo ele o NULO, BRANCO, TIRIRICA ou a "Mãe do Badanha" e etc, porém a cada justificativa individual e muitas até, diga-se que, com extremo fundamento fico pensando em refletindo na argumentação que cada pessoa me faz para atingir a essa atitude. Logo, em meio a tantas reclamações do votar obrigatório, do chamado para ser mesário, entre outras me pego no dever de fazer uma reflexão em cima dessas inquietações que urgem ao findar o processo de campanha política. Dever que tenho, como todos, de refletir e REpensar na sociedade que vivemos.

As pessoas criticam todos os políticos que estão no governo, que estão se candidatando novamente, reclamam dos políticos que possuem ficha suja, mas votam nas mesmas pessoas, ou ainda "dizem" que estão revoltados e descontentes com tudo que acontece e na hora de votar dizem que votam como protesto...

Não consigo entender uma sociedade que reclama mas que não vai a luta para mudar a realidade. E ir a luta não significa apenas ter que sair às ruas, pintar a cara e reivindicar algo...ir a luta é bem mais amplo. É ter participação comunitária e social. É participar da sociedade como cidadão efetivo, ir na associação do bairro, ir no conselho da unidade básica de saúde, no sindicato, no conselho municipal de saúde, na organização e até na reunião de família, por que não?!
Ir a luta é ter opinião política, é ser crítico e ter plena consciência de decidir entre um e outro candidato tendo, após isso, que permanecer por 4 anos verificando se ele está cumprindo o que prometeu em campanha...

Pois é, creio que aqui é que está o problema, poucos, pouquíssimos eleitores acompanham os mandatos e menos ainda cobram dos mesmos as promessas de campanha. Omitir-se do processo político por achar que pior não fica é equivocado, perigoso e mostra descomprometimento social e ético. Dessa forma, com certeza é mais fácil votar no Tiririca e deixar que o palhaço tome conta do Congresso do que votar errado e sofrer com a desilusão de ter acreditado em alguém.

Com total certeza, também, é mais fácil se otimir em participar do processo de votação do que pesar na consciência as escolhas realizadas no processo eleitoral que acarretam em mudanças em toda a sociedade.

Faço votos que as pessoas tomem posições, apenas tomem posições... posições essas... CERTAS OU ERRADAS no decorrer do mandato vamos vendo, mas que tenham opinião e criticidade de decidir alguém, entre tantos, alguém que contemple seus anseios.

Alimento algumas ilusões, a democracia participativa e eficiente é uma delas, porém só teremos isso quando cada CIDADÃO FOR CONSCIENTE do SEU PAPEL na sociedade, sendo um SUJEITO, ATOR e não mero telespectador da vida e do mundo em que vive.

Assim, talvez seja uma utopia pensar que a sociedade reflita e pense com seriedade na importância da votação em nosso País, contudo parabenizo, desde já, os sujeitos que fazem desse processo político um exercício de cidadania, que votam, que são mesários, que se candidatam e colocam sua cara a sua vida à mostra e a todos que lutam verdadeiramente para melhorar esse imenso território Brasileiro. Essas pessoas, talvez sejam utópicas, mas lutam por uma sociedade melhor, mais justa, mais igualitária e com respeito, fazendo a diferença ou não o que realmente importa é ter ideais e não deixar de lutar.

Conforme falou a jornalista Susana Espíndola, "o silêncio dos homens honestos é o adubo perfeito para o crescimento de oportunistas, empreguistas, ladrões e traficantes de influência", sendo esse "silêncio" de muitas pessoas o que mais me preocupa e decepciona em tempos tão conturbados.

Há braços com a democracia!!!

Michele Meneses

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

OS INDIFERENTES - Gramsci

Um texto digno de reflexão para a importância do posicionamento na época eleitoral...

Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel, acredito que “viver significa tomar partido”. Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.

A indiferença é o peso morto da História. É a bala de chumbo para o inovador e a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.

A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca.(...)

Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. (...).

Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.

Há braços revolucionários,

Michele

De Cacareco a Tiririca





terça-feira, 21 de setembro de 2010

Pedágios: Dominação do direito de ir e vir

As concessões das estradas feitas pelo governo em que a concessionária é delegada para ressarcir custos de construção e manutenção de uma via de transporte, resultando com isso nos PEDÁGIOS.

Para essa questão das concessões trago alguns exemplos das notícias dessas últimas semanas dos jornais de maiores circulação no RS, em que a Ecosul quer devolver trechos de rodovias ao Governo Federal, estando disposta a abrir mão dos trechos entre Pelotas e Jaguarão (BR-116) e entre Pelotas e Bagé (BR-293), ficando, com isso, esses trechos novamente sob responsabilidade Federal.

Talvez, ela estaria devolvendo esses trechos pelo pouco retorno financeiro? refletindo...a BR-293 não há praça de pedágio, porém a empresa tem o dever de realizar a manutenção da rodovia, bem como prestar seus serviços a todos usuários que ali trafegam.

Ainda, percebo na prática diária que a manutenção das rodovias pelo preço que nos é cobrado (R$ 7,20) deveria ser de "extrema excelentíssima qualidade", mas ultimamente não tenho visto nenhum trecho em todas as praças que não necessite de manutenção, reparo e colocação de produtos (asfalto) e sinalização de melhor qualidade.

O interessante também é que o tema da cobrança abusiva de pedágio não se vê na imprensa local, identificando mais uma vez que a empresa não obtém apenas o monopólio das estradas, mas também da imprensa, comércio e etc.

Acredito que o DIREITO de ir e vir de qualquer cidadão, que é DEVER do Estado é retirado a medida em que são colocados pedágios e empresas iguais a ECOSUL nas estradas do BRASIL, podendo até ser comparado com o "mocinho dono do bairro" (traficante) que obriga as pessoas a pagarem para entrar na favela a ECOSUL obriga os cidadãos a pagarem a cada vez que passam em SUA estrada, tendo como única diferença do "mocinho" ser legalizada pelo Governo!!

Assim, realizando uma reflexão com nosso histórico de sociedade brasileira, o povo, como já dizia Caminha há 510 anos atrás: "é um povo pacato..". E trocando um pouco a letra do Hino Riograndense "Um povo sem virtude acaba por ser.. ..pagador de pedágio!"

Há braços esperançosos!!!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Abordagens pedagógicas de EAD e aprendendo a aprender a distância.

As abordagens pedagógicas da EAD são fundamentadas nas teorias do comportamentalismo, cognitivismo e construtivismo. A teoria do comportamentalismo é baseada no “repasse” de informações aos educandos, como um “depósito” de conteúdos escolhidos exclusivamente pelo educador, tendo uma sequência de estudos linear, atividades prédeterminadas e guiadas, ainda, possuindo método específico e rigoroso de avaliação, desconsiderando todo o processo de aprendizagem, sendo o estudante mero expectador do processo de aprendizagem, ou seja, uma participação totalmente passiva que se obriga a adequar em adquirir os comportamentos e habilidades necessários para compreender o conhecimento que lhe é apresentado o qual visa ao progresso do aluno.

Na teoria cognitivista, há um estímulo no desenvolvimento de mecanismos intelectuais, promovendo a reflexão e a significação dos conteúdos apreendidos, fazendo que o estudante se torne autônomo apenas no processamento das informações adquiridas sendo capaz de gerar novos conhecimentos a partir da exposição dada pelo educador, o qual tem uma preocupação em relatar as causas e origens dos fatos, porém toda aceitação dos conteúdos se dá de forma passiva.

A teoria construtivista é embasada na construção do conhecimento a partir da reflexão das experiências vivenciadas, sendo um processo que está sempre em desenvolvimento. A relação com o aprender é uma relação de sentido entre o indivíduo e aquilo que ele aprende. É uma relação com tudo que é necessário aprender para solucionar um determinado objetivo, conteúdo ou programa, sendo que o sujeito só pode se apropriar daquilo que faz sentido para ele. O conhecimento é uma construção ao longo da vida e nunca está acabado ou pronto, sendo o educando sujeito do processo, pela qual advém uma transformação ativa do ser humano.

Em vista desses aspectos já expostos, a metodologia de ensino do curso de EAD, bem como o tópico “aprendendo a aprender a distância” baseia-se basicamente em propostas construtivistas, que propõem que o estudante seja sujeito ativo na participação da construção do conhecimento, conseguindo adquirir novas técnicas e comportamentos que visem um aprendizado pleno. Também, relata que o modelo de aprender a aprender à distância depende de um nova forma de entender o processo de ensinar-aprender por parte dos sujeitos envolvidos, ou seja, estudantes, professores e tutores. Portanto, é indispensável que cada instância questione o seu papel no ensino-aprendizagem à distância, pois habilidades como interação interpessoal, compreensão das atividades, discussões e desenvolvimento de tarefas em grupos virtuais são fundamentais para o bom aproveitamento do ensino à distância.

Assim, percebe-se que a mobilização realizada no ensino à distância para que o estudante problematize e reflita seu papel dentro do processo educacional é um ponto de fundamental importância na concepção de sujeitos quem sejam atuantes em todo o processo de ensino-aprendizagem, implicando em uma postura ativa do indivíduo, ou seja, é necessário que exista mobilização do educando para que ele realmente aprenda, e com isso, possibilitando a construção do conhecimento. Logo, a relação com o aprender, ou com o saber é, portanto, uma relação consigo mesmo, com os outros e com o mundo, criando sujeitos com uma nova consciência social através de uma práxis intencional e consciente, porque reflexiva, explicativa e crítica.

Da Engenharia ao Engenheiro

Por: Marcelo Sinnott
A Engenharia constitui uma atividade humana tão antiga quanto a própria civilização, mas só há pouco tempo, cerca de dois séculos, passou a ser levada em consideração; quando se verificou que tudo que o homem construía, era regido por leis matemáticas e científicas. O primeiro estabelecimento de ensino, a École Nationale dês Ponts et Chaussées, foi instalado em Paris, em 1747 e, em 1818, fundou-se em Londres o Instituto de Engenheiros Civis, com a finalidade principal de defender e prestigiar o significado da profissão. Dez anos depois, o Instituto pleiteou uma Carta Régia e, para tanto, precisou adotar uma definição de Engenharia; recaindo a escolha nestas expressões, ainda hoje consideradas clássicas e aceitas, de um dos fundadores da associação, o famoso especialista em estruturas de madeira, Thomas Tredgold: "é a arte de dirigir as grandes fontes de energia da natureza para o uso e a conveniência do homem; pelo aperfeiçoamento dos meios de produção e de transporte, tanto para o comércio interno quanto para o externo; aplicada às obras de estradas, pontes, aquedutos, canais, navegação fluvial, docas e armazéns para facilidades de intercâmbio; às construções de portos, molhes, quebra-mares e faróis; à navegação por meio de energia artificial para fins de comércio; à construção e adaptação de maquinarias; e à drenagem das cidades".


O ensino da Engenharia no Brasil. A primeira instituição regular de ensino de Engenharia foi a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, fundada no Rio de Janeiro em 1792, que é a mais antiga das Américas nesta área. Em 1812, a escola mudou-se para o histórico prédio do largo de São Francisco, construído especialmente para esse fim. Essa escola destinava-se tanto à formação de engenheiros como de oficiais de todas as armas. Em 1822 passou a chamar-se Academia Imperial Militar e, depois. Escola Militar, em 1823 foi permitido o ingresso de civis. Depois de várias reformas, em 1874 passou a chamar-se Escola Politécnica, sendo desvinculada do Exército; foram criados três cursos: de Engenheiros Civis, de Minas e de Artes e Manufaturas.

Ao longo destes quase 150 anos, a Engenharia estendeu os horizontes a pontos mais largos que aqueles já bem amplos da definição de Tredgold, através de um mundo de experiências e resultados posteriores. E o engenheiro transformou-se do antigo politécnico, de cultura geral, em moderno especialista, graduando a sua posição desde o técnico até o cientista, ganhando uma série de outros nomes: geógrafo, geólogo, de minas, agrimensor, agrónomo, urbanista, de obras navais, higienista, construtor, industrial, sanitarista, eletricista, químico, economista, metalúrgico, mecânico, automobilista, astrónomo, calculista, aeronauta, conforme receba graduação correspondente a um desses ramos do conhecimento e da técnica acima sugeridos. E sua presença cresceu em todos os sentidos: nas capitais e nos campos, no subsolo e no espaço, nas residências e nos escritórios, nas oficinas e nos laboratórios.

Define-se ENGENHARIA como o conjunto de conhecimentos e de técnicas referentes à concepção, à operação e às aplicações de procedimentos, de dispositivos, de máquinas apropriadas a determinados domínios. ( Em engenharia, tudo aquilo que é projetado, processado, construído, etc., deve sê-lo, segundo critérios de melhor técnica e mínimo custo, de forma a que o resultado, o produto, seja a solução ótima, ou a melhor otimização.)

A engenharia abrange atualmente uma gama bastante variada de atividades que envolvem os mais diversos materiais, procedimentos e técnicas de projeto e execução. Entre os ramos da engenharia está a Mecânica destacando-se entre suas atribuições o projeto, a construção e a manutenção de máquinas, instalações e sistemas mecânicos, dinâmica e controle de robôs industriais, manufatura assistida por computador, tubulações industriais, veículos, refrigeração, usinagem, ferramentas, etc.

Entre o organismos reguladores e de defesa da profissão no Brasil cabe destacar o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA) e os Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREAs)

domingo, 15 de agosto de 2010

(Trans) formação????

É necessário a desconstrução de conceitos, paradigmas e a abertura ao novo. Não ao novo como expressão do movimento fatalista que cristaliza a individualidade como dínamo do fazer humano. É preciso ser mais. È preciso transformar o mundo. Mas transformar em que mesmo?

O respeito aos diversos saberes abrindo-se a novas verdades que ainda não estão cientificamente comprovadas pela ciência - mas que fazem parte da expressão cultural de diversos povos que excluídos dos meios academicistas, são continuamente desapropriados do seu saber pela marginalização e aculturação - é relexão/prática necessária. O saber popular de forma alguma deve ser desprezado. Ao lado do conhecimento cientifico deve caminhar pela superação do binômio popular- científico. Não se trata de sobreposição e, sim, de preencher lacunas em favor da solidariedade, em favor da igualdade entre os povos.

A autonomia é preceito ético em nossa (incon)formação acadêmica. Se aceitamos o condicionamento mecanizado, apático, acrítico, silencioso e des-humanizador da ideologia dominante, aceitamos e operamos nossa própria degradação enquanto sujeito. Eu quero ter minha opinião, pensar. Isto é prerrogativa básica pra todo processo de posicionamento crítico e ruptura da inércia do nosso sentir, pensar e agir.

A indiferença não cabe na relação progressista. Escutar o outro e reconhecê-lo como sujeito é compromisso edificador na nossa permanente posição de inacabamento. Este, extremamente necessário a conscientização como sujeito coletivo e não a alienação como parte de um coletivo de sujeitos.

Contudo, nem sempre estamos dispostos a mudar. A lógica neoliberalista nos aprisiona em nossa perversa individualidade e pior, nos faz acreditar que as coisas são estáticas, imutáveis. Para além dos dogmas religiosos, me refiro a imbricação cultural da passividade, do fatalismo. Contra essa argumentação é preciso, assim como freire, ser radical. “O radical na sua opção, não nega o direito ao outro de optar. Não pretende impor a sua opção. Dialoga com ela. Está convencido de seu a certo, mas respeita no outro o direito de também julgar-se certo. Tenta convencer e converter, e não esmagar seu oponente. Tem o dever, contudo, por uma questão, mesma de amor, de reagir a violência dos que lhe pretendam impor o silêncio. Dos que em nome da liberdade, matam em si e nele, a própria liberdade (FREIRE, 2006, p.59)

Finalmente a Utopia. Em grego a palavra significa “em lugar nenhum”, para Thomas More representa uma ilha onde a sabedoria e a felicidade do povo decorrem de um sistema social, legal e político perfeito, guiado pela razão (MORE,2005). È necessário confrontar essas visões idealistas, expressando a visão Freiriana que a propõe como uma unidade dialética entre a denuncia e o anuncio. É sonhar com os pés no chão engajado na luta pela transformação. Mas que transformação mesmo? Aqui devemos optar entre a superficialidade (que não transforma (deforma) e profundidade, ou seja, a posição radical, já exposta, no mundo).

A educação popular Freiriana fere os mais desavisados que vomitam praticas assistencialista e por isso mesmo alienantes (num processo que a principio é externo ao individuo, mas que em pouco tempo consome sua vitalidade revolucionária). A educação popular deve superar a questão estética, ela dever ser, necessariamente, anti-capitalista. O enfrentamento em diversos setores é necessário. A luta de classes é inevitável. Para tanto, nossa construção como seres históricos, igualitários, politizados e protagonistas é fundamental.

"Ou os estudantes se identificam com o destino do seu povo, com ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo, e nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo" (Florestan Fernandes)

Há braços revolucionários,

sábado, 14 de agosto de 2010

Ética e a Saúde

A saúde constitui âmbito estratégico para a luta pela recuperação e transformação do Estado e de suas relações com a sociedade. São requisitos básicos nessa tarefa o desenvolvimento de conhecimentos intersetoriais que façam frente à complexidade dos determinantes da saúde; a responsabilidade setorial com a melhoria das condições de vida; a capacidade transformadora para articular os interesses gerais e particulares respeitando as diferenças; o diálogo como forma privilegiada da construção de consensos e a democratização da cultura possibilitando a participação social ampla na definição das prioridades, na avaliação das políticas e na reivindicação da eqüidade (Rodrigues, 1994; Sabroza et al., 1992). Também, fica evidente que um dos maiores desafios de nossos governantes é colocar em prática as conquistas legais adquiridas pela constituição brasileira no que se refere à saúde.

A saúde é considerada como um direito social, inserida no âmbito dos direitos da solidariedade, não vinculada apenas à possibilidade individual de compra da assistência, mas também à atividade prestadora do Estado, independentemente das possibilidades individuais. O principal ponto desta reflexão é a questão da saúde como um dos direitos sociais. Pressupondo-se que sua conceituação derive do processo dinâmico e histórico, onde esses direitos desenvolvem-se gradualmente das lutas que o homem trava por sua própria emancipação como indivíduo e coletivo junto das transformações das condições de vida que estas lutas produzem. (Bobbio, 1992).

Os direitos humanos incluem uma gama ampla de direitos progressivamente conquistados pela humanidade: os direitos civis, os políticos, os sociais e os econômicos. Todos eles têm como princípios essenciais o fato de que são inerentemente humanos, inalienáveis, universais, possuídos individualmente por todos os homens, invioláveis e não hierarquizáveis (Mann, 1996).

As relações entre saúde pública e direitos humanos são principalmente de três ordens: as políticas, os programas e as práticas da saúde pública, da ótica dos direitos humanos, buscam o equilíbrio entre o bem coletivo e os direitos individuais; os métodos e técnicas da saúde pública são instrumentos úteis para identificar as violações aos direitos humanos e avaliar seu impacto negativo; e, a promoção e a proteção à saúde vinculam-se à proteção dos direitos humanos (Mann, 1996).

Deve ser construída uma consciência sanitária com a ajuda dos profissionais da área da saúde de forma gradual, alimentado-se de experiências vivenciadas na realidade cotidiana e, neste plano, as explicações macroestruturais não parecem dar conta da complexidade das relações e seus desdobramentos (sobretudo da esfera da subjetividade). Por este motivo, falar em construção da cidadania e em participação popular como exercício de direitos no campo da saúde, pede uma reflexão sobre estas noções tal como se apresentam na subjetividade que se associa à prática dos profissionais do setor.

O profissional da área da saúde na relação cotidiana com os usuários da rede de serviços, além de realizar seu trabalho social, deve também se inscrever numa prática pluridimensional, dentre as quais se destaca a dimensão política e educação em saúde.
Referências:


Bobbio N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

Mann, J. Saúde pública e direitos humanos.Physis v. 6, n. 1 e 2, p. 135-45, 1996.

Rodrigues, Rodolfo Ética del desarollo y papel del sector salud. In: Lima e Costa, M. F. F.;1994 Sousa, R. P. (org.) Qualidade de vida: compromisso social da epidemiologia. Belo Horizonte: Coopmed/Abrasco.

Sabroza, Paulo C.; Leal, Maria do Carmo; Buss, Paulo M. A ética do desenvolvimento e a proteção às condições de saúde. Cadernos de Saúde pública, v. 8, n. 1, 1992

Fotos do Fórum Social das Comunidades

Algumas atividades que foram realizadas no Fórum:

- Educação e Comunicação;
- Saúde;
- Movimentos Sociais;
- Economia Popular e Solidária
- Habitação;
- Meio Ambiente;
- Cidadania e Direitos Humanos;
- Arte, Cultura, Lazer e Esporte.

Fotos das atividades:











FSC - Projeto


Projeto do Fórum Social das Comunidades
1. Introdução

O I Fórum Social das Comunidades do Rio Grande surgiu a partir da necessidade de articulação local para a discussão de problemas dessas comunidades que foram dentificados dentro do Fórum Permanente de Coletivos. Fórum esse, que se realiza nos bairros Castelo Branco I, II e Santa Rita de Cássia. Esse Coletivo foi construído através da iniciativa de moradores e estudantes universitários participantes do projeto de extensão VEPOP. Tudo isso, tendo como base as experiências já realizadas em âmbito nacional e internacional. Ficou deliberado, em janeiro de 2005, que o FSM seria descentralizado nos anos seguintes, sendo realizadas programações paralelas ao Fórum de Davos, em todas as partes do planeta. Com isso, realizou-se em janeiro de 2006 o encontro binacional Uruguai-Brasil, no Chuí, e em março de 2006 o II Fórum Social Dunas na cidade de Pelotas, RS, Brasil.

2. Justificativa

Em janeiro de 2001, durante o primeiro Fórum Social Mundial, reuniram-se em Porto Alegre, várias entidades mundiais, instituições, lideranças, movimentos sociais, ONGs e pessoas de vários paises, para debater a política hegemônica mundial que evidenciava a crise política neoliberal e que vem produzindo uma trágica realidade de miséria absoluta, preconceito e desigualdade social. Tudo isso, com a proposta de construção de um espaço democrático de idéias, articulação e troca de experiências.


3. Objetivos:

a. Geral:
Propiciar um espaço de troca entre associações de bairro, lideranças locais, sindicatos, movimentos sociais, ONGs, universidade e outras organizações da sociedade civil acerca de experiências desenvolvidas em comunidades da periferia de Rio Grande, buscando aprofundar a reflexão /debate sobre problemas comuns e a construção coletiva de propostas para superação dos mesmos.

b. Específicos:
• Aproximar as lideranças de cada comunidade, os sindicatos, os movimentos sociais existentes e a universidade;
• Propiciar a troca de experiências entre cooperativas, associações de trabalhadores e outras formas de geração de trabalho e renda;
• Promover a valorização da cultura popular e dos artistas locais;
• Promover espaço de discussões sobre a saúde local e questões relacionadas;
• Fortalecer a economia popular e solidária;
• Valorização da culinária dos diversos bairros e promoção de métodos para um melhor aproveitamento de alimentos;
• Suscitar o debate acerca do acesso aos meios de produção da comunicação independente de forma colaborativa e compartilhada.
• Produzir um filme/documentário sobre o evento;
• Paralelamente, propiciar atividades educativas relacionadas aos eixos do Fórum para as crianças (forunzinho).


4. Metodologia

O Fórum Social das Comunidades de Rio Grande será realizado no período de 31 de janeiro à 04 de fevereiro de 2007, no campo do bairro Castelo Branco. Planeja-se um espaço com tendas dispostas em roda (formato de aldeia), onde serão realizadas as atividades de debate e oficinas, as exposições e a praça de alimentação. O espaço também contará com palco para apresentações artísticas.
O FSC será organizado através de reuniões semanais do Fórum Permanente dos Coletivos dos Bairros Castelo Branco I, Castelo Branco II e Santa Rita de Cássia, o qual deliberou a formação de uma Coordenação Geral e quatro sub-coordenações – Coordenação de Debates, de Oficinas, de Cultura e de Exposições.
A coordenação geral, formada por representantes das três associações de moradores dos bairros supracitados, representantes religiosos, representantes da Central de Movimentos Populares e estudantes universitários da FURG, terá por finalidade facilitar a comunicação entre as diversas coordenações, realizar a divulgação do FSC, organizar o atendimento à saúde e a segurança durante a realização do evento, bem como a limpeza do local.
A Coordenação de Debates caberá a responsabilidade de viabilizar a infra-estrutura necessária para a realização de palestras, mesas-redondas e rodas de discussão, bem como organizar todo processo de inscrições das atividades relacionadas a serem realizadas durante o fórum. A Coordenação de Oficinas ficará com a responsabilidade de viabilizar a infra-estrutura para a realização das oficinas, bem com o processo de inscrição das mesmas. A Coordenação de Cultura caberá a organização da mostra cultural do evento e a inscrição dos artistas interessados em participar do FSC. A Coordenação de Exposições caberá a organização da praça de alimentação e do espaço de exposições para cooperativas, organizações não governamentais, sindicatos, movimentos sociais, projetos institucionais, clubes de trocas, bem como outros coletivos organizados. Caberá e esta coordenação, a viabilização da infra-estrutura necessária e a inscrição dos interessados. As sub-coordenações serão constituídas através da aproximação de outros atores em reuniões a serem realizadas com este objetivo. Através destas coordenações pretende-se desencadear um processo de aglutinação de pessoas e coletivos para a construção do Fórum Social das Comunidades.

Foram definidos os seguintes eixos temáticos:

- Educação e Comunicação;
- Saúde;
- Movimentos Sociais;
- Economia Popular e Solidária
- Habitação;
- Meio Ambiente;
- Cidadania e Direitos Humanos;
- Arte, Cultura, Lazer e Esporte.

Estes eixos serão norteadores para a inscrição das atividades de debates, oficinas e exposições. Cada eixo poderá ter atividades distribuídas entre os diversos dias do evento, conforme definição posterior. Durante os turnos manhã e tarde ocorrerão os debates e oficinas, concomitantemente com o setor de exposições e a praça de alimentação. No turno da noite, ocorrerá a mostra cultural dos bairros.
ATIVIDADES: (objetivos específicos)

1. Aproximar as lideranças de cada comunidade, os sindicatos, os movimentos sociais existentes e a universidade.

Está prevista a realização de uma plenária com todas as entidades presentes no FSC para o compartilhamento de experiências e construção de articulações que potencializem o movimento popular e a autonomia das comunidades.

2. Propiciar a troca de experiências entre cooperativas, associações de trabalhadores e outras formas de geração de trabalho e renda.

Será organizada uma plenária para a troca de experiências entre as cooperativas, gupos e associações de trabalho já existentes nos bairros de Rio Grande.
3. Promover a valorização da cultura popular e dos artistas locais.

Durante o período de realização do Fórum, ocorrerá apresentações de teatro, música, dança, poesia, grafite, entre outros. Todas as noites pretende-se realizar atividades artísticas.

4. Promover espaço de discussões sobre a saúde local e questões relacionadas.
Será organizado uma tenda para o eixo saúde, onde serão debatidos temas como SUS e Controle Social, educação popular em saúde, entre outros. Pretende-se aproximar os conselhos locais de saúde já existentes para a troca de experiências e articulação.

5. Fortalecer a economia popular e solidária.

Pretende-se realizar um encontro entre os diversos clubes de trocas da cidade.

6. Valorização da culinária dos diversos bairros e promoção de métodos para um melhor aproveitamento de alimentos.

A “Praça de Alimentação” contará com pessoas das diversas comunidades que trabalham com a produção de alimentos, buscando valorizar a culinária riograndina. Os membros do projeto Cozinha Brasil farão oficinas sobre melhor aproveitamento dos alimentos.

7. Suscitar o debate acerca do acesso aos meios de produção da comunicação independente de forma colaborativa e compartilhada.

Será organizado debate sobre mídia independente e rádios comunitárias, buscando aproximar as pessoas que vem trabalhando com mídia independente em Rio Grande e na região.

8. Produzir um filme/documentário sobre o evento.

O Projeto VEPOP Extremo Sul já comprometeu-se com a filmagem do evento e posterior edição de um filme/documentário sobre o Fórum Social das Comunidades.

9. Propiciar atividades educativas relacionadas aos eixos do Fórum para as crianças.

Paralelamente ao FSC, será organizado o Forunzinho, um espaço destinado as crianças durante os dias do evento.

“Prevenção ao uso indevido de drogas no Rondon Piauí” - Relato de experiência

O relato de experiência “Prevenção ao uso indevido de drogas no Rondon Piauí” aborda a realização de oficinas que foram vivenciadas durante a participação do Projeto Rondon, operação Grão-Pará (Piauí) em janeiro de 2008. A oficina sobre as drogas foi realizada com o objetivo de capacitar multiplicadores para atuarem na orientação quanto aos efeitos de determinadas substâncias psicoativas, para trabalhar com o assunto de drogas na comunidade, esclarecendo as principais dúvidas e orientando os jovens quanto aos riscos e prejuízos que o uso indevido dessas substâncias podem acarretar na vida. Buscou-se capacitar os agentes comunitários de saúde (ACS) e professores a serem multiplicadores nas suas áreas de atuação, utilizando-se de material didático e informativo para proporcionar que eles tenham a capacidade de solucionar as dúvidas mais comuns dos adolescentes e população em geral. A oficina demonstrou os tipos e a classificação das substâncias psicoativas, esclarecendo as diferenças entre drogas lícitas e ilícitas, como seus efeitos no organismo. Ainda, foi estimulada a organização de grupos de jovens nas comunidades para que esses assuntos fossem discutidos abertamente pelos jovens. Em síntese, foram capacitados 330 multiplicadores (professores e ACS), e concluí-se que aqueles profissionais estão aptos a trabalhar sobre tal assunto com a sua comunidade.


Palavras-chave: Prevenção, Drogas, Capacitação

Oficina Corpo, Gênero e sexualidade (Relato de experiência)

Apresento um relato de experiência que foi vivenciado por acadêmicas do Curso de Enfermagem e Obstetrícia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), em atividade desenvolvida durante a participação na Operação Grão-Pará do Projeto Rondon, em janeiro de 2008. As atividades foram realizadas no município de Pedro II no interior do Estado do Piauí. Participaram do evento um número significativo de professores da rede municipal de ensino, agentes comunitários de saúde e agentes de doenças endêmicas.
O Projeto Rondon é um projeto de integração social coordenado pelo Ministério da Defesa e conta com a colaboração da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação. O Projeto envolve atividades voluntárias de estudantes universitários e busca aproximar esses estudantes da realidade do País, proporcionando uma troca de vivências de diferentes cursos e universidades distintas, além de contribuir, também, para o desenvolvimento de comunidades carentes.
O Projeto empenha-se em desenvolver a capacitação de organizações da sociedade civil na defesa dos direitos de cidadania, como também, a capacitação de educadores do ensino fundamental e médio nas diversas áreas de educação, saúde, meio ambiente, saneamento, entre outros assuntos, e ainda, orientação e capacitação de multiplicadores em saúde da família, saúde sexual, drogas, violência, atividades solidárias, esporte, lazer, nutrição e etc. A produção de textos e atendimento a portadores de necessidades educativas especiais e a organização de implantação de atividades comunitárias solidárias também são destaques no Projeto. Os voluntários preocupam-se, ainda, em orientar o desenvolvimento da agricultura familiar, auto-sustentabilidade, cooperativismo, bem como, colaborar na elaboração de projetos que atendam à infra-estrutura municipal, em particular nas áreas de saneamento básico e de meio ambiente.
As operações do Projeto Rondon têm por objetivos fundamentais contribuir para a formação do universitário como cidadão; integrar o universitário ao processo de desenvolvimento nacional, por meio de ações participativas sobre a realidade do País; consolidar no universitário brasileiro o sentido de responsabilidade social, coletiva, em prol da cidadania, do desenvolvimento e da defesa dos interesses nacionais e estimular no universitário a produção de projetos coletivos locais, em parceria com as comunidades assistidas.
A partir dos propósitos do Projeto foram realizadas atividades com os multiplicadores, visando favorecer o desenvolvimento de ações educativas nas escolas e comunidades referentes: ao corpo, ao desenvolvimento, a questões de gênero, a métodos contraceptivos e a doenças sexualmente transmissíveis.
Costuma-se pensar que os pais não conversam muito com seus filhos sobre as referidas temáticas, partindo do pressuposto que esconder, fingir e negar é a melhor saída para fazer com que o filho não “descubra” ou “desenvolva” sua sexualidade, a qual por eles é considerada proibida. Nesse caso, é na escola e na comunidade que os adolescentes encontram amigos, colegas que já ouviram determinados assuntos ou mesmo já foram orientados. Com isso, aquele adolescente que não foi orientado da forma correta acaba, muitas vezes, compreendendo de forma errônea o que lhes é dito por colegas. Assim, pode se citar o caso da gravidez indesejada, onde se verifica a presença de jovens que engravidam na primeira relação sexual, pois não tiveram uma orientação adequada sobre esse assunto.
Nas oficinas, muitos educadores confessaram sentir receio em trabalhar determinados assuntos em sala de aula. Alguns disseram que o motivo é não saberem qual será a reação dos alunos, pensam que os estudantes podem não levar a sério a atividade, ou ainda têm medo de serem mal interpretados com relação ao assunto que estão tratando. Outros afirmaram que a maior preocupação é com a reação dos pais, pois a tarefa de orientação sobre sexualidade nas escolas pode ser interpretada como uma forma de estimular a prática da atividade sexual, já que muitos pais acreditam que se os filhos estiverem desinformados não irão praticar tais atos.
Com a realização desse trabalho, objetivou-se transmitir informações cientificamente embasadas e capacitar os professores da rede municipal e agentes de saúde para orientar os alunos e a comunidade em geral quanto à sexualidade. Nas atividades de capacitação, foram realizadas dinâmicas de integração e motivação, tornando-as mais divertidas e descontraídas, procurando diminuir a percepção do sexo com um tabu da nossa sociedade e encorajando os professores e agentes a trabalharem tais assuntos em sala de aula e nos grupos de prevenção.
Nosso propósito fundamental foi estimulá-los para que busquem mais informações, indo além do que foi discutido nas capacitações, e que eles se motivem para levar esse assunto às salas de aula e aos grupos. Esperamos que o tema seja trabalhado da forma mais simples possível, porque isso fará com que os alunos compreendam e aceitem o sexo como algo normal. Esses profissionais foram incentivados a preparar seus ouvintes para trabalharem os assuntos que desejam, sempre tendo seriedade e, principalmente, confiança no que estão transmitindo.
Assim, orientou-se que, primeiramente, os educadores conversem com os pais e responsáveis dos adolescentes, deixando-os a par do que será conversado no processo de aprendizado destes temas, para que eles também estejam preparados para o caso de eventuais dúvidas e questionamentos dos filhos. Os assuntos trabalhados e os questionamentos podem contribuir para facilitar ou dificultar a comunicação entre o ambiente familiar e o ambiente escolar. Com isso, todas as atividades proporcionadas deverão ser sempre verdadeiras, claras, com linguagem adaptada à linguagem que os ouvintes (adolescentes) conhecem e usam e limitadas ao que é questionado.


Descritores: Educação em Saúde, Sexualidade, Capacitação

Eixo temático: Corpo, gênero, sexualidade e saúde

Vivências em um Hospital Psiquiátrico - Relato de Experiência

Vivências em um Hospital Psiquiátrico – Relato de Experiência

O trabalho relata uma experiência discente durante o estágio curricular do Curso de Graduação em Enfermagem, realizado em Portugal, pelo período de 6 meses (2008 – 2009). O estágio curricular é um espaço entre o conhecimento teórico adquirido e sua aplicabilidade à realidade da comunidade em que se insere o aprendizado, buscando através da análise, diagnóstico de problemas e oportunidades, prestar e implementar ações de saúde eficazes, eficientes e humanizadas voltadas às necessidades da população. No Brasil, a acadêmica foi bolsista do Centro Regional de Estudos, Prevenção e Recuperação de Dependentes Químicos (CENPRE - FURG), local em que realizava atividades da equipe de prevenção, proporcionando diferentes perspectivas relativas a abordagem de educação em saúde sobre a dependência química. A trajetória na área de saúde mental impulsionou a estudante a querer vivenciar/sentir/conhecer a realidade de Portugal, também, considerando que as atividades realizadas junto a diferentes realidades são de extrema importância para a (trans)formação acadêmica e futura do profissional. Quando então, escolheu o Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Hospital de Faro (HF E.P.E.), para realizar seu estágio curricular. Esse hospital localiza-se na cidade de Faro, no Algarve, em Portugal, o qual se destina a tratamentos diferenciados em reabilitação psicossocial, com intervenções multidisciplinares. Os objetivos dessa prática foram: conhecer as abordagens terapêuticas específicas no tratamento dos usuários, internados na psiquiatria; promover a autonomia dos usuários e pessoas significativas; conhecer e aplicar as intervenções de reabilitação psicossocial do usuário; compreender o funcionamento da CIPE – Classificação Internacional de Práticas de Enfermagem na área de saúde mental e psiquiátrica; conhecer como é institucionalizado e realizado o processo de Educação Permanente dos profissionais de Enfermagem na área de saúde mental, entre outros. A experiência desse estágio permitiu o contato diário com os usuários do HF E.P.E proporcionando à estudante mudanças de paradigmas acerca da psiquiatria e produção de saúde mental, possibilitando compreender melhor seu significado. Atualmente, a psiquiatria é vista como uma especialidade que permite a realização de diversos cuidados, onde a multidisciplinaridade é fundamental para promover ou (re)ativar a autonomia, a consciência e a participação do usuário do hospital, como sujeito capaz de exercer sua cidadania. Conclui-se que as estratégias de reabilitação psicossocial devem partir de uma assistência ampla, que pode e deve ser realizada em diversos contextos, incluindo-se aí, o grupo familiar, a instituição hospitalar, a comunidade, entre outros.

Palavras-Chave: Saúde Mental, Reabilitação, Enfermagem.

Repensando o Cuidado Humanizado: Violência Familiar até quando? (resumo*)



Meneses, M. N.


A violência contra crianças e adolescentes não é fato novo na história da humanidade. No entanto, é no presente que vemos esta problemática atingir índices cada vez mais alarmantes na sociedade. A vulnerabilidade identificada na infância e na adolescência torna-se maior quando consideradas as condições de nutrição, educação, habitação e trabalho à que estão submetidos, pois além da fome, da desnutrição e das doenças transmissíveis, a violência doméstica passa a ser um fator de ameaça, negação e destruição da igualdade social dos integrantes dessas famílias. Etimologicamente, a violência se origina do latim violenta e designa o ato de violentar, qualidade do que é violento, força empregada abusivamente contra o direito natural, constrangimento exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a praticar algo. Violência familiar é aquela que acontece dentro do lar, entendendo-se este como núcleo básico de formação do ser humano, no qual a criança constrói e fortalece seus laços de parentesco e afetividade com indivíduos consangüíneos ou não, sendo estes seus modelos e eixos norteadores. Segundo o Ministério da Saúde (2008) a violência familiar pode ser manifestada das seguintes formas: Violência física, violência sexual, violência psicológica ou de abandono e negligência. A negligência é entendida como forma de violência familiar, na qual a família se omite em prover as necessidades físicas e emocionais da criança e/ou adolescente, porém, tais falhas, só podem ser consideradas abusivas quando não são devidas à carência de recursos sócio-econômicos. Portanto, alinhavando nossos pensares cabe um último questionamento: Até qual momento, a violência familiar sofrida na infância e na adolescência servirão como atitudes disciplinadoras e educacionais dos “poderosos cuidadores”? Certamente, as vítimas dessa realidade apenas reproduzirão a violência aprendida e ainda mais, nada farão para transformar esse cenário. Assim, considerando as dificuldades sociais vigentes, como profissionais da saúde e como sujeitos integrantes da sociedade, não podemos permanecer indiferentes ao cuidado/(des)cuidado prestado aos jovens do nosso país; não podemos desistir de lutar por uma sociedade mais consciente e humanitária, para que, desta forma, os retratos da violência familiar deixem de fazer parte do acervo das experiências de vida daqueles vivenciam tal situação em seu cotidiano.


Palavras-chave: Família, Saúde, Violência Doméstica.


*resumo apresentado no Congresso Internacional de Saúde Mental e Reabilitação Psicossocial - 2009.

O Preparo Pedagógico e a Ajuda da Escola para Manejar com o Comportamento Agressivo do Aluno (resumo*)


Meneses, M. N.

A agressividade encontra-se presente em vários momentos da vida cotidiana. Ela atinge a sociedade de tal maneira que poderia ser considerada como um dos grandes flagelos das gerações contemporâneas. Várias situações contribuíram para que esta situação caótica se instalasse em nossa sociedade atual, entre eles, a desorganização familiar, a ausência afetiva dos pais, os problemas sócio-econômicos da população, viver em uma sociedade capitalista em que o “ter” assume prioridade em relação ao “ser”, entre outras, as quais reforçam a violência entre os jovens. Essa pesquisa teve como objetivo geral conhecer os fatores externos à família que podem influenciar no comportamento agressivo da criança e específicos: identificar junto aos professores, sua visão acerca do comportamento agressivo do aluno, sua conduta e seus sentimentos frente a estas crianças e identificar como percebem seu preparo pedagógico ou não para atuar frente a esse problema. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, tendo como participantes os professores da pré-escola a quarta série do ensino fundamental, de três escolas de um município do Rio Grande do Sul, totalizando 28 entrevistados. A partir da análise dos dados, entendeu-se que a maneira mais eficaz de ajudar as crianças vulneráveis é poder contar com a ajuda da família e da escola, mais especificamente, fortalecer a relação professor-aluno, além do auxílio de profissionais da saúde mental, quando se fizer necessário. Esta pesquisa desvelou que é necessário e pertinente a instrumentalização dos professores para manejar com o comportamento agressivo da criança, pois a maioria deles considera-se despreparado para ajudar o aluno que tem esse comportamento. Entretanto, ainda não temos um programa que possa ajudar a família e a escola a manejarem com o comportamento agressivo da criança, provavelmente, porque a visão da saúde mental na atenção primária, incluindo a atuação em diferentes contextos, ainda parece distante da realidade atual desse município. Na maioria dos discursos, os professores verbalizaram descontentamento por não receberem dentro da sua formação, o preparo adequado para atuar e ajudar o aluno que apresenta problemas de comportamento. Assim, este estudo demonstrou a relevância de ser realizada à educação em saúde com os professores do ensino fundamental, através do conhecimento técnico-científico relativo a várias temáticas da saúde mental que possibilite manejar com crianças que têm comportamento agressivo, para que possam estimular a auto-estima destas e o exercício da cidadania dos seus alunos, procurando contribuir para a construção de uma sociedade mais solidária, responsável e justa.

Palavras-chave: Saúde mental, Comportamento, Educação.
* trabalho apresentado no Congresso Internacional de Saúde Mental e Reabilitação Psicossocial - 2009.

Consulta de Enfermagem em Saúde Mental (resumo)*

Meneses, M.N.



Ao pesquisar o tema consulta de enfermagem com clientes portadores de sofrimento psíquico, tivemos como objetivo: investigar as principais contribuições da consulta de enfermagem para essas pessoas na promoção da sua saúde mental. O presente estudo foi realizado, a partir dos pressupostos formulados em relação à consulta de enfermagem em saúde mental (CESM) acreditando que, através dela, é possível: evitar ou reduzir a recaída do agravo emocional; elaborar o diagnóstico de enfermagem e, avaliar o tratamento mais adequado para cada cliente emocionalmente doente; favorecer sua reabilitação psicossocial, no menor tempo possível e de maneira eficaz. Considera-se ainda, que a CESM, através do cuidado direcionado ao cliente, favorece a resolutividade de suas dificuldades, o que promove e contribui efetivamente para promoção da sua saúde mental. Este trabalho é uma pesquisa qualitativa e a coleta dos dados foi realizada através da entrevista semi-estruturada. A partir da análise dos dados emergiram as seguintes categorias: a percepção e a qualidade de vida desses portadores de sofrimento psíquico. Nessas categorias destacaram-se como elementos complementares e integradores, o auto-conhecimento, o conhecimento da doença, a auto-estima, a valorização da vida, a motivação e o convívio social dos sujeitos da pesquisa. Os resultados revelaram que a consulta de enfermagem utilizada como processo de trabalho em saúde mental, contribui terapeuticamente para a recuperação dos clientes emocionalmente doentes, constituindo-se em mais uma alternativa de tratamento, a fim de acelerar sua recuperação e reabilitação psicossocial. Outro aspecto relevante refere-se à consulta de enfermagem como processo de trabalho em saúde mental, capaz de ajudar os sujeitos a conhecerem-se, compreenderem melhor e identificarem suas capacidades e limitações frente ao adoecimento. A consulta de enfermagem, enquanto espaço terapêutico foi definida pelos sujeitos desta pesquisa como uma intervenção que lhes proporcionou satisfação e progressos em sua vida cotidiana. As consultas priorizaram ações voltadas à recuperação da auto-estima, uma forma de auto-ajuda, de apoio e a oportunidade para os sujeitos expressarem seus sentimentos. Outros aspectos trabalhados foram promover um ambiente que transmitisse tranquilidade e motivasse as capacidades das pessoas. Assim, a avaliação realizada pelos clientes, nos permite afirmar que a consulta de enfermagem propicia uma boa qualidade de vida, torna as pessoas mais seguras quanto as suas competências, autônomas e capazes de exercerem sua cidadania.

Palavras-Chave: Enfermagem, Saúde Mental, Qualidade de Vida.
Trabalho publicado no Congresso Internacional Saúde Mental e Reabillitação Psicossocial - 2009

E OS intectuais??!?!?!


Gostaria de compartilhar um pouco dessa ebulição que sinto a me corroer por dentro, como se a cabeça fosse explodir a qualquer instante e o coração não batesse mais por nada nessa vida. Dizem que restam por aí alguns poucos intelectuais, desses que são pensadores e críticos da sociedade e da condição humana atuais. Fico pensando que os que ainda não se venderam ou se renderam ao capitalismo talvez estejam calados, ou ainda que pensem, falem e escrevam, sintam-se silenciados por uma sociedade que prefere vitrines e televisão a uma boa reflexão. (Reparem que não cheguei ao extremo da ação, limito-me apenas a uma pequena dose de reflexão.)
Na minha humilde categoria de universitária, gostaria realmente de poder compartilhar uma incerteza sobre o que será de nós daqui a alguns anos. Não tenho vocação para vidente, mas dos poucos intelectuais que restam, e na relação muito próxima e cotidiana com outros universitários, acredito que para muitos, a violência a qual estamos sendo submetidos passa despercebida.
Digamos que há alguns anos, principalmente no Brasil, uma das formas de violência mais evidentes era a explícita, sob forma de repressão e agressão física. Isso causou indignação nas pessoas. Isso ainda causa indignação nas pessoas. E outras formas de violência, mais sutis, passam despercebidas.

Temos aí o tal neoliberalismo, além de uma figura muito importante, em nível mundial, o famoso mercado. As leis do mercado, o capital, regem a orquestra mundial. São expressões que estão na boca de qualquer um, é algo natural, já dado, inquestionável. Aos poucos, e cada vez mais, estamos sendo vendidos. E isso é natural. Estão nos violentando, estão violentando o que algum dia chamamos cidadania. Não deu tempo da sociedade saber o que é cidadania, antes que isso ocorresse, ela foi comprada. Isso não é uma violência? Cada vez mais me sinto violentada e isso significa dizer enfraquecida. As pessoas não acreditam mais na solidariedade, na coletividade, na capacidade de serem agentes transformadores de sua história. As pessoas acreditam no capital, na produção, nas leis de mercado.

E o que os intelectuais têm a ver com isso? É o que me pergunto. Porque uma revolução se faz a partir das bases, assim penso. Dizem que no Brasil, quem conseguiu chegar ao nível superior, sobretudo o público, é um privilegiado, devido a todas as contradições sociais que vivemos. Daí a pensar que, no mínimo, essa pequena parcela seja um pouco da esperança para o amanhã, os futuros intelectuais. Essa é a grande decepção. Não quero desmerecer a luta do movimento estudantil, pois sei que há muitos militantes por aí, num coletivo ampliado. Mas há um movimento maior ainda entre os tais “privilegiados” que é o da alienação política. Teoricamente, espera-se que esses sejam “inteligentes” e “capazes”, mas não é muito claro o para quê. São inteligentes e capazes para servir ao mercado . Não entendem o que quer dizer a expressão “Educação é um direito e não uma mercadoria”.

Injustiça a minha! Alguns até entendem, mas apenas na teoria. Porque não percebem o que significa cidadania, o que significa coletivo. Não percebem que temos que manter a teoria de que “Educação é um direito” e concretizá-la na prática. Não percebem que isso se faz através de um coletivo forte, tendo eles como atores. Já se venderam e não sabem disso. Já se conformaram e se acostumaram com a violência a que estão submetidos. Serão esses os intelectuais de amanhã? Não. Serão esses a mão-de-obra de amanhã. E não percebem nada disso. Sonham com uma carreira brilhante, de sucesso, alguns inclusive com a carreira acadêmica. Serão profissionais meramente tecnicistas. É certo que já há muitos profissionais atualmente com esse perfil, desarticulados com um compromisso social, não o de trabalho voluntário, a máscara que desobriga o Estado a cumprir com o seu papel, mas o de pensar e agir no social, na estrutura, enfim, de contribuir para mudar as regras do jogo.

Para que, se as regras os favorecem? Afinal, não estamos falando de universidades públicas que são elitistas? Sim, estamos. Universidades públicas que também estão sendo vendidas.

Sabe qual a violência maior? É saber que não estamos sendo fortes o suficiente para resistir a isso. É saber que muitos “privilegiados”, essas pessoas inteligentes e capazes, ainda que bem informadas, não conseguem se indignar. O cabresto imposto pelo capital e pela mídia é tão grande, que trocou a condição de cidadãos pela de marionetes. Ainda acho que uma revolução se faz a partir das bases da estrutura social. Nas universidades, acredito que a base somos nós, estudantes, os tais privilegiados, intelectuais e capazes. Mas a base é tão elitista que não se indigna. Era só isso que eu gostaria de compartilhar. Peço ajuda para entender como conseguiremos vencer se no nosso elenco a maioria é marionete. Como ajudá-los a recuperar a noção de cidadania? É apenas isso. A ebulição que me corrói por dentro, como se a cabeça fosse explodir e o coração parar de bater... Será a luta para não vir a ser também uma marionete?

É como disse Che: “A culpa de muitos dos nossos intelectuais e artistas reside em seu pecado original; não são autenticamente revolucionários.”, e mais, hoje em dia se criou um ser, chamado Mercado, que ninguém pode contraria-lo, pois ele é mimado e se zango, chora , sente até dor. e em nome de manter o Mercado paparicado e quieto, quem sente fome, dor, desnutrição, quem morre de vermes, quem fica na miséria são dois terços (2/3), 67% da população mundial, 67% de pessoas, seres humanos, pra não falar da destruição da natureza, da fauna e da flora, florestas, mares e rios.
A universidade (elitizada) nos forma técnicos, mas citando Florestan Fernandes: "Ou os estudantes se identificam com o destino do seu povo, com ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo, e nesse caso,serão aliados daqueles que exploram o povo".
Che também nos fala: "Mas vocês, estudantes de todo o mundo, jamais se esqueçam de que por trás de cada técnica há alguém que a empunha e que esse alguém é uma sociedade e que se está a favor ou contra essa sociedade. Que no mundo há os que pensam que a exploração é boa e os que pensam que a exploração é ruim e que é preciso acabar com ela. E que mesmo quando não se fala de política em nenhum lugar, o homem político não pode renunciar a essa situação imanente à sua condição de ser humano. E que a técnica é uma arma e que quem sinta que o mundo não é tão perfeito quanto deveria ser deve lutar para que a arma da técnica seja posta a serviço da sociedade, e antes, por isso, resgatar a sociedade, para que toda técnica sirva à maior quantidade possível de seres humanos, e para que possamos construir a sociedade do futuro - qualquer que seja seu nome, essa sociedade com a qual sonhamos e a que chamamos, como lhe chamou o fundador do socialismo científico, 'o comunismo'. "

Eu vou continuar lutando por um mundo mais justo, custe o que custar.

Saudações revolucionárias,
Há braços coletivos!

Ética e Saúde

A saúde constitui âmbito estratégico para a luta pela recuperação e transformação do Estado e de suas relações com a sociedade. São requisitos básicos nessa tarefa o desenvolvimento de conhecimentos intersetoriais que façam frente à complexidade dos determinantes da saúde; a responsabilidade setorial com a melhoria das condições de vida; a capacidade transformadora para articular os interesses gerais e particulares respeitando as diferenças; o diálogo como forma privilegiada da construção de consensos e a democratização da cultura possibilitando a participação social ampla na definição das prioridades, na avaliação das políticas e na reivindicação da eqüidade (Rodrigues, 1994; Sabroza et al., 1992).
Também fica evidente que um dos maiores desafios de nossos governantes é colocar em prática as conquistas legais adquiridas pela constituição brasileira no que se refere à saúde.
A saúde é considerada como um direito social, inserida no âmbito dos direitos da solidariedade, não vinculada apenas à possibilidade individual de compra da assistência, mas também à atividade prestadora do Estado, independentemente das possibilidades individuais. O principal ponto desta reflexão é a questão da saúde como um dos direitos sociais. Pressupondo-se que sua conceituação derive do processo dinâmico e histórico, onde esses direitos desenvolvem-se gradualmente das lutas que o homem trava por sua própria emancipação como indivíduo e coletivo junto das transformações das condições de vida que estas lutas produzem. (Bobbio, 1992).
Os direitos humanos incluem uma gama ampla de direitos progressivamente conquistados pela humanidade: os direitos civis, os políticos, os sociais e os econômicos. Todos eles têm como princípios essenciais o fato de que são inerentemente humanos, inalienáveis, universais, possuídos individualmente por todos os homens, invioláveis e não hierarquizáveis (Mann, 1996).
As relações entre saúde pública e direitos humanos são principalmente de três ordens: as políticas, os programas e as práticas da saúde pública, da ótica dos direitos humanos, buscam o equilíbrio entre o bem coletivo e os direitos individuais; os métodos e técnicas da saúde pública são instrumentos úteis para identificar as violações aos direitos humanos e avaliar seu impacto negativo; e, a promoção e a proteção à saúde vinculam-se à proteção dos direitos humanos (Mann, 1996).
Deve ser construída uma consciência sanitária com a ajuda dos profissionais da área da saúde de forma gradual, alimentado-se de experiências vivenciadas na realidade cotidiana e, neste plano, as explicações macroestruturais não parecem dar conta da complexidade das relações e seus desdobramentos (sobretudo da esfera da subjetividade). Por este motivo, falar em construção da cidadania e em participação popular como exercício de direitos no campo da saúde, pede uma reflexão sobre estas noções tal como se apresentam na subjetividade que se associa à prática dos profissionais do setor.
O profissional da área da saúde na relação cotidiana com os usuários da rede de serviços, além de realizar seu trabalho social, deve também se inscrever numa prática pluridimensional, dentre as quais se destaca a dimensão política e educação em saúde.
Referências:


Bobbio N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

Mann, J. Saúde pública e direitos humanos.Physis v. 6, n. 1 e 2, p. 135-45, 1996.

Rodrigues, Rodolfo Ética del desarollo y papel del sector salud. In: Lima e Costa, M. F. F.;1994 Sousa, R. P. (org.) Qualidade de vida: compromisso social da epidemiologia. Belo Horizonte: Coopmed/Abrasco.

Sabroza, Paulo C.; Leal, Maria do Carmo; Buss, Paulo M. A ética do desenvolvimento e a proteção às condições de saúde. Cadernos de Saúde pública, v. 8, n. 1, 1992.

Mobilização Social

Mobilização realizada em conjunto com as comunidades da zona leste da cidade do Rio Grande a fim de lutar pela redução dos acidentes causados na Avenida Roberto Socoowiski em função do péssimo estado da estrada, bem como a falta de sinalização, falta redutores de velocidade e não existenciência de ciclovia.


Continuação do Vídeo - História do VEPOP

VEPOP - Um pouco da história

Um pouco da história de algumas atividades realizadas em comunidades do extremo Sul do Brasil pelo projeto de educação popular VEPOP.

Vivências em Educação Popular



O projeto VEPOP-EXTREMO SUL/ Vivências em Educação Popular no Extremo Sul do Brasil contou com a participação de 35 bolsistas de diversos cursos da graduação em que buscou-se construir propostas para inclusão social das classes populares, bem como a transformação acadêmica, aproximando os estudantes e as comunidades através de estágios extracurriculares, na perspectiva de, junto com as mesmas, identificar os problemas existentes e formular estratégias para a superação conjunta das dificuldades encontradas. Também procurou-se novas formas de aprendizado extra-muros, a fim de propiciar aos estudantes práticas que efetivamente promovessem a indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão.